A reunião das lideranças da oposição paraibana acontecida na última segunda-feira (21) ainda está rendendo assunto. A senadora Daniella Ribeiro (Progressistas) foi uma das ausências mais sentidas na ocasião e ela justificou a sua falta, fazendo críticas ao encontro em entrevista concedida nessa terça (22). A parlamentar acredita que ainda não é tempo para conchavos visando as eleições de 2022.

“Estão cometendo os mesmos erros da outra eleição. Acho que não é tempo, não vejo como tempo para isso [encontro político]. Estamos há um ano da eleição. Quem tem compromisso com o povo, com a população está buscando fazer com que a gente passe por esse revés”, disse ao Programa Hora H.

E Daniella completa, afirmando que é momento de trabalhar pelos paraibanos e não de fazer palanque político. “Só sei de uma coisa, o que tenho que fazer estou fazendo, trabalhando pela Paraíba. Dentro das ações que tenho feito não cabe essa política de cuidar de palanque. Não cabe isso nesse momento. Isso é desrespeito ao povo da Paraíba. Quem tem mandato tem que estar trabalhando pelo povo, não visando as eleições do próximo ano”, destacou.

Quem não gostou da declaração de Daniella foi o deputado estadual Walber Virgolino (Patriota), um dos oposicionistas presentes na reunião. Ele reagiu com uma fala machista, ao dizer que só responderia ao ‘tutor’ dela, fazendo referência a Aguinaldo Ribeiro (Progressistas), irmão da senadora e deputado federal.

“A senadora é café com leite na política, pois tem um tutor que fala por ela. Intimamente falando, uma vez que fui também criticado, vou deixar para responder ao tutor no momento que ele descer de cima do muro”, rebateu Virgolino.

Já o comentário de Walber repercutiu negativamente entre lideranças políticas femininas da Paraíba. A secretária da Mulher e Diversidade Humana da Paraíba, Lídia Moura, condenou a atitude do deputado estadual, classificando o discurso contra Daniella como machista e preconceituoso.

“Além do machismo que as mulheres são desrespeitadas no cotidiano, há essa violência política que as mulheres são submetidas na mesma proporção das violências sofridas no cotidiano. A postura do deputado é atrasada. Uma mulher não precisa pedir permissão ao que ele apelida de tutor, a ele ou ninguém”, declarou a secretária.

Lídia Moura segue afirmando que é preciso combater os preconceitos políticos que chegam ao ponto de tentar alar ou cercear a opinião de mulheres na cena política. “O machismo não suporta que as mulheres façam o debate abertamente que ela está apta. Uma senadora não poder se pronunciar sobre um contexto politico, imagine quem pode? É lamentável, precisamos avançar no quesito dialogo. Os deputados têm responsabilidade com a sociedade”, criticou.

Quem também se manifestou contra Walber Virgolino foi a deputada estadual Pollyanna Dutra (PSB), ressaltando que conflitos políticos podem ser resolvidos sem ataques à figura da mulher.

“A luta das mulheres para ocupar os espaços na política foi árdua ao longo do último século e não podemos aceitar que uma linguagem machista nos diminua ou relegue essa luta à presença de homens que definem nossa presença ou não nos espaços de poder. Não podemos aceitar esse tipo de comportamento! A triste história do patriarcado não pode ser repetida muito menos legitimada em um meio no qual ocupamos os mesmos espaços que os homens. É preciso mudar isso! Os conflitos precisam ser resolvidos sem ataques à nossa figura de mulher. Isso ressuscita um debate machista que, infelizmente, insiste em não ser superado”, ponderou Pollyanna.

Fonte: Blog do Dércio